Feeds:
Artigos
Comentários

Archive for Maio, 2012

Caminhos

Por Breno “Lobo Branco” Brito

    Aquele era um corredor extenso. Estendia-se por metros sem fim, com lâmpadas que projetavam mais sombras do que claridade, propriamente dita, alternando, mais ou menos, a cada cinco metros. No intervalo umbral de cada lâmpada, nada se via, e o frio da escuridão se alastrava, tomava àqueles que ali desbravassem. Como uma amante ávida se fazia sentir colada ao corpo, segurando seus ossos, subindo por sua espinha até tomar, por completo, seu coração inocente e desprotegido. Era a mais profunda e densa escuridão, que lhe tirava as forças, mas que de alguma forma cruel e sádica, lhe dava esperanças de conseguir percorrê-la e chegar novamente à claridade fria e mórbida, mas ainda assim segura e acolhedora a sua maneira.

   Os incautos que por aquele corredor percorressem se punham a prova de enfrentar seus maiores medos, suas falhas intimas, seus desesperos ensandecedores. Era como andar pela fresta esquecida do mundo, a estrada que levava às entradas do inferno, com o leve cheiro acre do desespero. Imaginava que talvez, se a iluminação permitisse, tivesse até escrito em seu inicio “Aqueles que por esse portão atravessar, abandone toda a esperança” numa clara referencia a jornada dantesca que aguardava àqueles que ali se aventurassem. Porém, por mais maligno que aquele corredor o fosse, era um mal necessário. O tipo de empreitada que alguns devem assumir e percorrer. Sua alma, ali, seria posta a prova, vitorioso alcançaria uma paz nunca dantes vista, derrotado, talvez ainda encontrasse a paz almejada, mas seria uma paz daqueles que foram quebrados, feridos e esquecidos. O corredor era capaz de tirar as luzes do olhar mais esperançoso, mas também era a melhor forma de se aprender a amar a luz pelo o que ela é e nada mais. (mais…)

Read Full Post »